Sundfeld: “O Brasil dá dinheiro demais ao Judiciário e ao MP”

O professor de Direito Público explica como a existência de uma "hiperelite" no funcionalismo acaba prejudicando a própria prestação de serviços públicos à população
03.05.24

Embora não tenha um funcionalismo grandemente inchado em comparação com outros países, o Brasil tem um gasto maior do que a média com os seus servidores públicos. Uma das principais razões para isso, segundo o jurista Carlos Ari Sundfeld, está na existência de uma casta de profissionais que recebem muito mais do que a maioria dos empregados do Estado rompendo inclusive, com os chamados “penduricalhos”, o teto de remuneração do setor público.

Enquanto o atendimento direto à população costuma ser feito por funcionários com baixa remuneração o proletariado da administração pública, nas palavras de Sundfeld – esses privilegiados ocupam principalmente (mas não apenas) as chamadas carreiras jurídicas. “Dá-se dinheiro demais para o Judiciário e para o Ministério Público no Brasil”, diz o professor titular de Direito Público da FGV Direito-SP.

Segundo Sundfeld, cria-se dessa maneira grande insatisfação dentro da própria estrutura do Estado e uma pressão permanente por remuneração maior. “As pessoas ficam se espelhando no que essa hipererelite ganha, mas é claro que o orçamento público brasileiro não aguenta”, diz. Esse é um problema tanto político quanto administrativo que precisaria ser enfrentado o quanto antes. “O governo precisa colocar o seu peso político na rediscussão desse assunto”, afirma Sundfeld.

Neste Crusoé Entrevistas o professor também fala dos caminhos possíveis para que uma reforma do Estado comece a ser feita e das suas expectativas sobre o “Enem dos Concursos”, cuja primeira prova será realizada neste domingo, 5.

 

Assista abaixo à integra da entrevista:

 

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  1. Chamemos o capitão Cueca pra acabar com as benesses, as mordomias, os penduricalhos, os salários exagerados. Nem ele dá jeito? Então estamos fu...

  2. A justiça de São Paulo ao mesmo tempo que subiu assustadoramente as custas judiciais parece que piorou proporcionalmente a entrega do serviço ao cidadão. Ingressei com um processo na Juizado Especial dia 14/03/2024 sendo que até o momento não teve qualquer andamento. Isso por que sou idoso e tenho prioridade,imaginem. Enquanto vemos politicos praticamente "alugarem" o STF para analisar seu pedidos , os idosos não possuem atendimento nenhum.

  3. O que está acontecendo com a remuneração do pessoal da justiça é um acinte ao povo brasileiro, principalmente nesta época de declaração o Imp. Renda, quando sentimos na pele o que é pagar imposto, sabendo da mal versarão que vai ser dada aos nossos sofridos pagamentos. E o pior, os processos se acumulam e os magistrados querem mais férias do que o povo brasileiro sedento de justiça e igualdade...

  4. Ao judiSSiário a finada CF de 1988 na intenção de frear eventuais golpes de estado empoderou demais as cortes e gerou o monstro ditador a massacrar os Macunaímas e Manés e sair desta armadilha vai doer.

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